Segundo um grande estudo realizado pela Universidade de Harvard, crianças e adolescentes que vivem em ambientes com fumantes, especialmente os que têm idades entre 12 e 17, estão 1,6 vez mais propensos a ter infecções no ouvido comparado a adolescentes que vivem em ambientes onde não moram fumantes. Summer Hawkins, autor do estudo, junto com uma equipe de pesquisadores, analisaram 90.961 famílias que têm fumantes entre seus integrantes e chegou a essa conclusão. Ao longo da pesquisa, verificou-se que a proporção de domicílios que utilizam produtos de tabaco é o mesmo em todos os grupos etários, mas os membros da família são cada vez mais propensos a fumar dentro de casa quando seus filhos se tornem pré-adolescentes e adolescentes. “A razão pela qual o fumo passivo pode causar infecções de ouvido não é conhecida completamente, mas o fumo passivo pode aumentar a susceptibilidade das crianças e dos adolescentes para infecções no ouvido.” Os autores do estudo sugerem aos pediatras reforçarem ações para tornar os pais conscientes dos perigos do fumo passivo. A pediatra Ellen Wald, do American Family Children’s Hospital, de Madison, em Wisconsin, nos Estados Unidos, afirma que os pais não estão cientes do perigo que o fumo passivo dentro de casa representa. “Os pais sabem que não é a melhor ideia deixar os filhos em ambientes com fumo e fechados, mas quando eles dizem que nunca fumam dentro de casa, eu não acredito.” Para Hawkins, os pais e os profissionais da saúde precisam trabalhar juntos para criar um ambiente livre do fumo para seus filhos. “Esses médicos devem perguntar aos pais sobre o uso de tabaco durante as visitas à clínica. E sugerir aos eles reduzirem a exposição das crianças, proibindo fumar dentro da casa.” O ponto principal para que isso aconteça, é que os pais admitam o que fazem e falem sobre isso, afirma a pediatra. ”Para mudar o comportamento, você tem que falar sobre isso. Os médicos estão certos ao dizer que todos estão vulneráveis ao fumo passivo, e não apenas crianças e adolescentes, mas adultos também.” De acordo com a OMS, a cada ano morrem mais de 600 mil fumantes passivos em todo o mundo. Desse total, 165 mil são crianças, de acordo com estimativas publicadas em 25 de novembro pela revista científica The Lancet. De acordo com os autores do estudo, as crianças são as primeiras vítimas do tabagismo passivo porque não podem evitar a principal fonte de exposição: quando seus pais fumam em casa. Se somadas essas 600 mil vítimas às 5,1 milhões de mortes em decorrência direta do cigarro, chega-se a um total de 5,7 milhões de mortos do tabagismo anualmente. Trata-se do primeiro estudo que avalia o impacto global do fumo passivo. Os pesquisadores, que são do Instituto Karolinska de Estocolmo (Suécia) e da OMS (Organização Mundial da Saúde), utilizaram dados de 2004, os mais recentes disponíveis no conjunto de 192 países analisados. No total, 40% de crianças, 33% de homens e 35% de mulheres não fumantes estavam expostos ao tabagismo passivo em 2004. Segundo estimativas do estudo, a exposição provocou 379 mil mortes coronarianas, 165 mil por infecções das vias respiratórias, 36,9 mil devido à asma e 21,4 mil por câncer de pulmão. Assim, no total, foram constatados 603 mil óbitos por fumo passivo. Das 165 mil crianças menores de cinco anos que morrem de infecções respiratórias causadas pelo fumo passivo, dois terços estão na África e no sul da Ásia. Apenas 7,4% da população mundial vive hoje sob legislação “não fumante”. Os autores do estudo recomendam “um reforço imediato” da Convenção Marco da OMS para a luta contra o tabaco, que inclui taxas mais elevadas para venda de cigarros, pacotes de produtos neutros (sem marca) e com mensagens sanitárias. Veja alguns números do tabagismo passivo, de acordo com o Hospital Universitário da Universidade de São Paulo: Em esposa não fumante de marido fumante: Risco de acidente coronário aumenta 25% Risco de câncer do pulmão aumenta 26% Incômodo provocado pelo fumo passivo ocorre em: 80% de não-fumadores 53% de fumadores. Os quatro principais riscos do tabagismo passivo na criança
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