Relacionamentos afetivos e sexuais de pessoas com deficiência se tornam cada vez mais comuns
Existe uma compreensão distorcida de que as pessoas com deficiência têm déficit em todas as áreas. Isso é um erro. Qualquer que seja a deficiência, a pessoa tem a diversidade nesta área específica, sem afetar as demais. A sexualidade é parte da vida de todos, deficientes ou não”, afirma a psicóloga e coordenadora do Centro Integral de Atenção ao Deficiente (Ciad) da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Rita Khater. “O universo erótico, chamado de libido na psicanálise, é que impulsiona a vida, o desejo que nos movimenta, a energia presente em todos os seres, o que inclui as pessoas com deficiências”, reforça a psicanalista e pesquisadora em sexualidade da Universidade São Paulo (USP) Maria Alves de Toledo Bruns.
As especialistas destacam que, muitas vezes, o problema começa na família, que, no impulso de proteger, acaba sufocando o deficiente, impedindo que ele tenha uma vida mais completa. “A sociedade não está preparada para aceitar as diferenças. O estranhamento perpassa tudo que é fora do esquema estabelecido, do paradigma da perfeição”, analisa Maria Bruns.
Para Rita Khater, o modo de lidar com a sexualidade varia conforme a deficiência. “Mas ela é algo presente, não fica amputada nos deficientes”, afirma. Segundo Rita, a representação social do deficiente, “uma forma politicamente correta de designar preconceito”, diminui também suas outras funções. “Há um entendimento equivocado de que o cego é pouco inteligente, o cadeirante e o deficiente mental são incapazes de sentimentos e por aí vai. Há que determinar onde está o déficit. As outras áreas da pessoa com deficiência estão preservadas. A sexualidade é parte do aspecto humano”, destaca Rita.
A psicóloga explica que, dependendo da deficiência, a pessoa pode ter a sensibilidade reduzida, mas todos preservam e desenvolvem formas próprias de trabalhar a sexualidade. O problema, afirmam as duas especialistas, é a generalização, é achar que o deficiente tem déficit geral, não pode trabalhar, não pode namorar, não pode ter vida social. Para elas, isso não passa de puro preconceito.
FRASE
“É difícil para a sociedade entender que a pessoa com deficiência tem os mesmos desejos e necessidades. Há alguém de fato plenamente resolvido com sua sexualidade? Pode-se pensar em manifestação ideal da sexualidade? O fundamental é evitar a padronização.” (EDUARDO CAMARGO BUENO Psicólogo e apoiador de Saúde Mental da Secretaria de Saúde)
Fonte: Correio Popular de Campinas (06/12/09)
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