segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O CUSTO E O PREÇO DAS COISAS


Um gatinho de uns seis meses de vida ganhou dois brinquedos. Uma bola de pingue-pongue, ao custo de menos de R$ 2,00, e um ratinho movido à corda pelo preço de R$ 7,00. Na hora da brincadeira propriamente dita, o felino optou pela singela bolinha alaranjada sem qualquer outro atrativo, apenas pelo único e exclusivo motivo que chamou mais sua atenção. De um lado para o outro da casa, a bagunça foi garantida, pois o gatinho se divertiu e divertiu os donos ao tentar tocar a bolinha que quicava a uma certa altura e parecia tentar enganá-lo. E quanto ao ratinho feito de material de maior qualidade? Foi relegado ao ostracismo momentâneo e depois permanente.

Algum sábio erudito dirá apressadamente que o gato é um ser irracional, portanto não sabe decidir entre uma coisa e outra; que age pelo instinto. Pode até ser, mas é curioso que as coisas simples atraem mais os animais. Apesar de o funcionamento de um organismo humano, por exemplo, ser algo complexo em si, a rotina humana para uma vida feliz talvez seja mais simples do que se imagina. Se eu vou à Bíblia, vejo simplicidade. O mundo e tudo o que nele existe, conforme Salmos 24, veio à existência simplesmente porque Deus assim estabeleceu. Em seis dias Deus criou a atmosfera, porções de terra seca e mares, rios e lagos, a fauna e a flora e, assim, o ciclo de vida se constituiu. Mas alguns de nós insistimos que é preciso haver outra explicação mais complexa, mas complicada, mais filosófica, mais difícil de ser assimilada pela maioria das pessoas e que somente seja acessível a umas poucas mentes brilhantes que estudam e que, estas sim, são capazes de desvendar os mistérios.

Vou adiante e folheio a minha Bíblia e me deparo com milhões de pessoas atravessando um deserto tórrido sob o comando de um homem visionário egresso do trono egípcio, porém de ascendência hebréia. Parece loucura, mas Moisés declara várias vezes e de diferentes maneiras que a condução deste povo se dá pela ação sobrenatural. É Deus que os guia e Ele, inclusive, os alimentará em determinados momentos com o maná, um alimento que literalmente cai do céu e sacia a fome. O discurso de Moisés parece simplista demais, pueril, quase uma história para que as crianças durmam à noite com os pais por perto com um livrinho aberto.

Temos dificuldade de aceitar o simples. O mesmo simples que fez da vida de Jesus uma genuína aula sobre o custo e o preço das coisas. Qual é o valor que atribuímos às coisas foi o que Jesus Cristo perguntou o tempo inteiro enquanto esteve no mundo com as pessoas durante 33 anos e meio segundo a cronologia dos evangelhos.

Ele deu pistas e adiantou respostas. Disse, por exemplo, que não estava ali para ser servido, mas para servir, que era melhor dar a outra face em vez de retribuir com outra tapa a agressão, enfim, viveu uma vida simples. O mais interessante é que o segredo espiritual de Seu ministério consistia na simplicidade. Hoje grandes líderes corporativos, mestres do marketing e escritores renomados de auto-ajuda e sucesso pessoal enumerarão mais de uma dúzia de regras que precisam ser seguidas para que o fracasso profissional e pessoal não bata à porta dos jovens que almejam um futuro promissor. Jesus deixou poucos sermões registrados e diversas ações de cura, milagres e simpatia em relação ao povo em geral. Seus biógrafos oficiais, os evangelistas, trataram de registrar, quase em sua totalidade, atos em vez de palavras. Ele costumava ser antes de falar.

Pensamos muito, em nossa sociedade que se autodenomina pós-moderna, no preço das coisas. Gostamos de precificar tudo aquilo que nos rodeia, inclusive as pessoas. Damos o preço para cada um de acordo com o que as pessoas têm ou simulam ter. Seria bom gastar um tempo a mais para entender qual o custo de tudo isso. No caso de Cristo, o custo foi a sua própria morte em prol da humanidade. Uma vida simples, mas com um custo altíssimo. Hoje invertemos. Temos uma vida cara, tudo com preço muito alto; o preço da vaidade, o preço do amor ao material, o preço do status. E não queremos pagar o custo da abnegação, do sofrimento, do abrir mão dos benefícios pessoais em favor dos outros.

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